23/02/2009

Um ode aos irmãos do dia da noite e da madrugada.

Sub: POPIDI.

Chegou em casa, procurou a cama, a cama no box, procurou o box, o box no ralo, o cheiro do ralo.
A caixa preta estava no carro, no bar, na rua, em algum lugar desconhecido, vieram apenas as lembranças das conversas...
Old school,meninos de preto que mandavam na rua, embalados a vinho de quinta categoria, nicotina e ilicitudes alucenógenas, ninguém era mais imortal...
às seis haviam um dois corpos na calçada... toda sexta... as baixas eram constantes....
Ele tinha esquecido como era bom ver a noite passar rápido como um raio e lenta o bastante para conseguir ver os rostos amigos...
recentes e antigos.
Agora os corpos não ficam mais no chão... eles aprenderam que a batalha é feita de pequenas lutas.. perderam o ímpedo de ganhar a guerra em uma noite.
Mas a mente anda bem mais aguçada, a bebida bem mais refinada.
Há dez anos eles ainda fazem o que faziam.
Poucos sobreviveram à guerra, alguns desertaram, outros lutam em outras praças... mas só os unidos estão vivos pra ter orgulho da rua fechada pelos meninos de preto, que mal sabiam de traçavam uma caminhada que ficaria na sua história particular.

15/02/2009

Insonia nem sempre te tira do sono

Emocionou a razão
Racionalizou a emoção
Enquanto a criança corria
O adulto ouvia o assovio, a calçada que dizia quem vai ao longe vai longe demais
mas quem não vai, não tem o que olhar para trás
Era assim a noite, queimando como o cigarro cansado da poesia se apagando para o dia

11/02/2009

Vocês não tão ligados na subversão convexa.
Não sou eu quem vai dizer.
Muito menos Kafka
Adios Amigos

06/02/2009

REMINGTON 33

Ela não quer mais morrer, na medida do possível sempre desejou... uma morte com muito brilho, várias lágrimas, dos parentes não valem, talvez dos populares, pessoas bonitas inatingíveis, sempre alegres, mas não na sua morte, na sua morte eles iriam chorar e não se conformariam.

Seu ego não permitia que se conformassem, queria acompanhar os comentários maldosos ou não, os elogios à sua pessoa, a vida era muito plana, uma reta, nem Fernando Pessoa valia a pena, o tesão já a tinha a deixado há tempos atrás, quando guardou a última barbie, que não era nem a voadora, a dançarina, a patinadora, nem porra nenhum a de barbie especial, era só uma barbie.

Desde então a vida continua uma reta, sem altos, muitos baixos, mas como os baixos eram baixos contínuos, ela já tinha perdido a noção que quão baixos eram os seus baixos, acostumou-se a mediocridade, se morresse talvez seu enterro fosse aterrador aos conhecidos, recados de saudades lágrimas sofridas.

Nunca realizou seus sonhos, nenhum deles, e no fundo, nenhum deles existia, não havia sonhos a ser realizados andava, respirava. vivia por inércia.. quase um robô, ela na frente e o desejo de morte sempre atrás.

Não via mudança na vida, a não ser os anos, que lhe comiam a esperança de ter alguma esperança, maldita inércia que lhe empurrava pra frente sem saber que caminho seguir.

Sim, já que a morte era certa porque não trazê-la para perto? Assim passava horas na cama chorando a própria morte, não morreria de amor, nem por paixão ou mesmo por desespero, não seria um atropelamento, não uma batida de carro, uma doença grave, seria a vontade de não querer viver mediocremente.

Acordava às seis, às sete estava na rua, sete e quinze passava pelo mesmo antiquário com o mesmo velhinho na porta, terno preto, cabelo extremamente branco alisado com Bozzano, sapato preto brilhante, e sorriso simpático de um senhor que já viveu tudo, e que o mundo não lhe tirou o brilho do olhar, ela já nem sabia se possuía brilho, só olheiras sempre grudadas embaixo do seu olho.

Mais um pouco passava pelo mesmo bar com a mesma atendente que parecia ter dormido em uma panela de gordura, sua pele brilhava, seu olhar não, com um cigarro grudado no canto da boca, e sem ao menos um sorriso, apenas uma olhada de canto, se é que aquilo era olhar, ela já tinha morrido faz anos na verdade, só não notou.

Cruzava a mesma esquina, encontrava o mesmo segurança da empresa, sempre quieto com um jornal no rosto e um olhar estranho, mas sempre simpático e solícito.

Apresentava o mesmo crachá amarelado com a foto daquele momento que parecia que ia mudar sua vida, um emprego, ela pensara quando tirou aquela foto, finalmente um emprego decente, ledo engano.

Às oito sentava na sua mesa, as oito e meia morria para a vida, assim passava o dia, morta, consumida por notas fiscais, documentos, patrões, colegas beirando a loucura atrás da aposentadoria, de olhos arregalados com medo de ser substituídos, com medo da morte, da falta de dinheiro, da gravata tora.

Na sexta passou pelo antiquário e viu que o velhinho da porta já não estava mais, a falta daquela figura diária lhe bateu a curiosidade do que teria acontecido, mas o tempo não a deixava entrar, passou o dia não morta na empresa, mas semi-inconsciente, pensativa com a falta do velhinho, ele quebrou a inércia dos dias.

No sábado logo cedo saiu de casa, passou por uma banca e viu um cara estranho com uma camiseta que dizia “Dê uma máquina de escrever a uma pessoa e ela se tornará um escritor.” Old Buk, seria bom ser escritora, pensou, morrer e ser imortalizada, chegou no antiquário e ao invés do velhinho viu um jovem de olhos escuros, cabelos lisos, cabelo despenteado, calça apertadas, cinto com mais metal do que couro, all star com inscrições feitas à mão, cigarro no canto da boca, escutando um som amigável que dizia “miss lexotan 6mg” achou curiosa a letra, e achou mais bizarro ainda perguntar do velho atendente, a única pessoa simpática e a primeira que lhe dizia oi todos os dias, resolveu então dar uma olhada nos produtos para disfarçar.

Durante a sua andada pela loja, viu uma máquina de escrever, muito simpática, lembrou-se da frase do Old Buk, e sorriu, uma máquina Azul calcinha, ainda com a sua capa, sem um risco, e vendo seu sorriso o jovem atendente veio cumprir seu dever.

Perguntou se lhe interessava a máquina, ela consumida pela imedida vergonha não soube o que dizer, não havia, desde a pré adolescência conversado com muita gente que não fosse os colegas de trabalho, que tagarelavam sobre futebol, sexo, cerveja, esposas insanas, filhos e mais filhos a reclamavam da vida, ela se afastava para não misturar suas neuroses com as alheias.

Ela tremeu, suou, e finalmente disse que queria a máquina, mesmo não sabendo o que queria, o atendente ficou entusiasmado com o interesse dela pela máquina, tirou a capa mostrou o funcionamento e tudo o que a máquina poderia fazer, ela arrancou da mão deles a peça deu o dinheiro e correu porta a fora.

Até o apartamento eram poucas quadras, colocou a máquina em cima da mesa, tirou a caspa e ficou fitando a sua nova aquisição sem sentido, andou em volta da máquina sem saber o que fazer, a noite já havia comprado cerveja, mas nada justificava a compra. Deitou e lembrou do seu desejo de morte, agora morte por vergonha, R$ 140,00 putos reais em uma máquina que não tinha nenhuma utilidade, a frase do Old Buk continuava martelando em sua mente, mas ficava cada vez mais distante. Terminou a caixa de cerveja, ficou puta com a vida reta continua e cheia de baixos, uma vergonha que lhe tomava o controle da situação e começou a bater na máquina, ao som de Placebo as teclas sofriam as dores que haviam corrido pelo corpo e a mente, o desejo de morte nunca foi tão intenso, mas sentia-se cada vez menos morta. Deitou as 4:47 da manhã, embriagada, a máquina já silenciada no canto da mesa trazia consigo o primeiro suspiro de vida de uma escritora.

Segunda passou no antiquário, pegar o troco da máquina de escrever, deu um beijo na boca do atendente, lhe deu as costas e foi pedir a conta ali nascia uma nova pessoa.Andava firme pelas ruas, mudou o trajeto até a empresa, pois sabia que sua metralhadora lhe esperaria em casa e nada lhe atingiria... nunca mais.. nem a morte.

 

Escrito ao Som de Jupter Maçã, Placebo e L7, com alguns pitacos gramáticos da Ligi que foram muito bem aproveitados.

04/02/2009

Otimismo

 

Eu sempre espero o pior, a dor, o nervosismo, a falta de explicação, os gritos na noite são o que há de melhor…
Sempre o pior.
A corrida, a mentira, o golpe, o drama, as horas acordado
crescendo e aprendendo a não confiar
crescendo e aprendendo a rezar pelo melhor entre o pior
crescendo e aprendendo a não crescer
Assim continuo sempre, otimista

03/02/2009

Nada

 

Hoje especialmente hoje por algum motivo nada especial.

não tenho nada pra escrever…. nada para escrever,

só a chuva deixando vestígios…

mas como não tenho nada pra escrever não vou tomar seu tempo.