20/09/2009

Menino Clichê.

Nunca sonhou muito alto, não por medo da cair, mas ser feliz não era difícil, bastava apenas ser. Se a noite esfriasse ou esquentasse demais apenas precisava de um refúgio, talvez uma rodoviária, com cigarro e comida gordurenta, não nesta seqüência exata.
Nunca foi saudável, pulmões pro cigarro, fígado pra bebida, e os rins para indicar o local exato do pecado.
Ser feliz bastava apenas ser, bailar pela terra sem ao menos saber porque, andarilho do mapa do próprio destino.
Com as mãos no bolso e com receio de viver sem cigarro ela andou mais uns metros até seu destino, 6 e 15 da matina violência contra o corpo, mais um dia se perguntando porque não tomou o café e não penteou os cabelos, com a resposta exata na ponta da língua tinha que chegar a tempo no bar para comprar cigarro, fumar dois ou três, e ir trabalhar
Da maneira que as coisas iam seu estômago ia dar sinal de vida novamente, mais um dia sem café da manhã, well, foda-se, o dia não estava valendo aquele café, a ressaca era contínua e homérica, as portas do inferno em que trabalhava estava mais longe.
Aquele inferno pagava as contas, e algumas vezes pagava muito bem, loja de roupas, convencia-se cada vez mais que bukowski estava certo quando dizia ter “ a impressão que as pessoas que não pensam muito sempre vão parecer mais jovens por mais tempo”, aquelas senhoras que entravam e ficavam horas escolhendo uma blusinha, aquelas senhoras que nem ao menos rugas tinham, gastavam o equivalente ao seu salário em alguns poucos minutos sorrindo, definitivamente elas não pensavam.
Assim ia a manhã, bajulando velhas acéfalas, enfim, tudo isso parece uma revolta adolescente de uma menina que não se deu bem na vida e almoça em um sebo empoeirado porque é romântico ou freak.
Os dias eram assim, acordar, fumar, vender, comer, fumar, vender, fumar, voltar, dormir.
Mas aquele, nos passos curtos da cidade cinzenta, nicotina no canto da boca, couro aberto no peito... nem olhou, nem a viu, ele passara assim, como uma lembrança de m passado bom e não vivido, nem olhou pra trás, nem mexeu o cigarro, parecia flutuar em um par de all star, cabelos quase longos, quase arrumados, barba quase feita, quase uma paixão a primeira, quase, mas a vida continua baby, trabalho, conta, cigarro, noite, dia inferno céu, assim ele passou... imune ao mundo.
A tarde passou rápida, as roupas e toda a sua indústria de acéfalas não a corroeram como antes, e já concordara que sem as acéfalas não existiriam os colls, os losers, o rockers, os freaks, era o mundo girando, as existências co-dependiam, o bem e o mau, o capitalismo e o comunismo, tudo no seu devido lugar, assim, fácil de aceitar, novamente, ser feliz não era difícil, bastava apenas ser.
Ficou gravado na mente o momento do encontro que levantou sua alma da entediante rotina, todos os detalhes, o olhar fixo e castanho, o all star surrado, fumando Malboro, calça surrada o mais elo clichê que já passou por seus olhos.
Resolveu voltar ao mesmo lugar, no mesmo horário e talvez, soubesse pra onde iria aquela figura enjaquetada e imune ao mundo.
No dia seguinte tudo foi extremamente calculado, a roupa, os sapatos, o cabelo o perfume, o cigarro a “la james Jean” ou “ a la Sharon Stone”?
O olhar ao passar por ele, os passos treinados, chamar atenção e ser discreta, tudo era tão difícil quando se dá a devida importância, mas ela se perguntava se ele poderia ser o primeiro amor, um caso de sua mente, ou apenas uma ébria noite de luxúria do corpo com formas refletidas no espelho morrendo no amanhecer? Um pouco de hedonismo não faz mal a ninguém.
Com a mente fervilhando a manhã passou em uma hora, o almoço era próximo, as mãos gelavam, talvez fosse amor, ou apenas suspense de um conto qualquer, não foi ao sebo ouvir Marisa Matarazzo enquanto comeria, foi ao ponto de interrogação,e lá encontrou a mesma figura, agora de camiseta, cabelo preto, descobriu um par de costeletas, um clichê que andava sobre os próprios pés no sentido contrário da vida.
Ela o seguiu até uma pastelaria chinesa com cara de poucos amigos, sentou-se, na frente dele, queria ser notada, queria estuda-lo melhor, a pastelaria parecia ser saída de um filme, poucos falavam português fluente, o cheiro de azeite das frituras ficariam nos seus cabelos perfumados por algumas longas horas
Ele tirou um pequeno livro do bolso, menos mal, gosta de ler, difícil era reconhecer o que era lido, e entre uma mordida e outra do pastel foi descobrindo mais, e principalmente que o misterioso menino clichê era mais misterioso ainda, a dificuldade lhe aumentava o tesão.... uma noite de luxúria entre espelhos seria pouco..
Pensou em uma atitude desinibida, ser fatal, mostrar sua tatuagem, falar das suas pequenas descobertas da vida e onde ficavam os melhores sebos e brechós, não, calma. Me apaixonei ? ou Não? A linha entre a atração e a paixão é tênue, fatal.
Enquanto pensava no que dizer, como dizer, porque dizer e quando dizer, dono de si ele levantou-se pagou a conta, percorreu alguns metros até a calçada e sumiu junto com a fumaça do seu cigarro.
Descompassada e desconcertada, como uma criança na frente do velho Noel ela apressou-se em espantar a multidão com as mãos e correr com os olhos, mas como dono de si era rápido e sumiu entres aqueles que guerreavam contra a vida sem perceber.
Passou-se mais alguns dias cinzas, com roupas diferente diariamente, fazendo a corte e mantendo a distância, e decidiu que não era mais tesão, muito menos paixão, era questão de honra, anos treinando, fazer o corpo ser como a mente, diferente, e não ser ao menos percebida?
Precisava saber mais daquele que errava pelos caminhos da vida, sem ao menos mexer os lábios pra fumar, ou pelo menos saber seu destino após o almoço.
Como uma questão de honra deve ser resolvida, diariamente aquele desconhecido fora perseguido, mas nunca chegava a lugar algum, uma vez que seu almoço tinha limite de tempo, assim, como a vida, a angustia lhe cobria as tardes imaginando qual seria o destino do menino clichê, talvez um vocalista de alguma banda de um cenário alternativo, mas pela seriedade talvez trabalhasse com o problema alheio, ou seria apenas um junkie que curtia almoçar naquela espelunca?
Pintor, cantor, escritor, ofice boy, ele podia ser qualquer coisa...e com a mente cheia de idéias que chegavam a lugar nenhum, como a sua busca andava rápido para alcançar seu objetivo sem ao menos saber o que faria quando soubesse o destino daquele, fixou o olhar no seu objetivo pisou no asfalto sentiu o corpo errar o chão e logo após acertá-lo.
Deitada ali, sem saber o que acontecera olhava aquela jaqueta de couro indo embora, sem ao menos olhar para trás, ouvia apenas as lamurias do motorista que havia lhe atropelado, sirenes, correria, alguns se debruçaram sobre seu corpo, mas aos poucos se afastaram, diziam que não tinha mais jeito, todos se afastaram, as sirenes se calaram, um lençol branco cobriu o seu rosto, era o fim.
Fechou os olhos e ficou esperando o inferno, o céu, a eternidade, a verdade sobre a vida e a morte, pensando no que ficou, desesperada.
Colocaram seu corpo em uma mesa fria, tiraram o lençol, e lá estava ele, o menino clichê, de jaleco, sério barba por fazer, com bisturi na mão, técnico em necropsia... enfim descobriu o segredo do menino clichê, era técnico em necropsia, por isso, talvez, fosse sério... assim no seu ultimo momento, acompanhando seu corpo, frio, duro e inútil ela ouviu sua voz...
Desculpa lindinha, mas esse é meu serviço...
cortando seu peito

11/09/2009

Destrua tudo que eu não construí
por inépcia, preguiça ou inércia,
Tudo que eu não corri atrás e não lutei
com toda a minha falta de garra e a minha ganância quase nula
Destrua
Destrua tudo que eu lutei pra não ter,
que eu ignorei..
Elegantemente
Destrua tudo

Começo frio

Sem tempo para o tempo. Começo frio o dia. Que corre pra noite e atrapela o sol. Chamando a chuva caindo ao caos. Começo frio o dia. Que corre pelo ralo e voa num escarro. Sem tempo pra lamentar começo frio o dia. Que esquenta e afujenta a noite. Que chama a chuva nos fazendo começar frio o dia.
Aí.
Começo frio o dia.

03/07/2009

Você sabe conversar?

O caminho parecia longo, já era madrugada, uma estrada.. asfalto grama verde no caminho.
Lá estava eu, com minha calça Jeans, tênis e olhos atentos à primeira propaganda de cigarro,
Sim, já faziam falta, e isso iria quebrar a minha certeza de finalizar aquele caminho incerto.
Caminhos incertos devem ser percorridos com cigarros à mão, sim..., grandes companheiros, grandes traidores, a madrugada acaricia meu rosto, e meus olhos inexplicavelmente ferviam com a falta de luz, sim, inexplicavelmente, não conseguia entender aquilo, coloquei o capuz cinza, surrado na frente dos olhos e andei mais alguns metros
À direita havia um terreno grande, de chão batido vermelho, dava a real impressão que o sol do final de tarde havia se instalado em cima daquele terreno, a terra era de um vermelho misterioso, na esquerda havia uma casinha simples de tijolos.. com cortinas que cobriam qualquer possibilidade de saber o que acontecia ali dentro, luzes amarelas dentro, sombra de pessoas, barulhos, vozes...
Nos fundos do terreno ví uma cobertura, mesinhas de bar e uma mesa de sinuca pequena.
Aahhh Sr. Bar, as mesas de sinuca te entregaram... apesar da hora já avançada eu tinha esperança de achar nicotina, talvez pilha para o meu aparelho de som que me embalava no caminho incerto.. quem sabe com pilhas extras eu chegasse ou final ouvindo um Black Sabath, Vulgue Tostoi.. quem sabe a trilha inteira de músicas que eu idolatrava.. quem sabe...Pink Floyd welcome my son, welcome to the machine.
Dei o primeiro passo dentro do terreno, era silencioso e vazio, apenas vultos, sombras, mas nada macabro, senti-me acolhido.
Não sabia de onde vinha de qualquer maneira não sabia pra onde ia, onde eu chegasse era lucro, eu traçava uma de linha reta que saía do desconhecido a caminho do desconhecido
Entrei no bar, havia uma atendente, loira, antipática e eu não conseguia ver seu rosto, não interessava, eu queria meu cigarro, e achei, dei a primeira tragada e me fechei.
“Bem cigarro sou apenas e você”, simpatizo mais com você do que com ela cigarro.
Em minutos várias pessoas começaram a chegar, todas com fones de ouvido, ouvindo alguma coisa eletrônica, comemoravam a madrugada que havia chego talvez, todos simpáticos mas muito desconhecidos.
Entraram no Bar, pediram cerveja falavam alto sobre a música que ouviam, era Psy.
Momento oportuno para ter uma crise da autismo, pedi a dose da droga mais forte do lugar, um senhor veio sorrindo, jaqueta de couro cabelos cumpridos, mal lavados cavanhaque, acho que saiu de um filme americano dos anos 60, “born To be wild” eu pensei, me deu um papel azul pequeno, essa é a mais forte.
Acho que minha cara não agradou, eu esperava um conhaque, talvez vodcka, tenho que parar com as minha frases feitas, a droga mais forte... sem comentários.
O caminho do desconhecido começava a ficar cada vez mais hilário e perigoso.
“Vamos lá rapaz, coloca isso embaixo da língua que eu te acompanho!!”, e com um sorriso estranho no rosto ele frisou, “EU SEMPRE TE ACOMPANHO”.
Coloquei o papel embaixo da língua, e tinha idéia do que vinha na frente.. ele ficou falando de Janis Hendrix Led e me lançou todo o seu saudosismo, meus olhos ardiam mais tive que cobrir mais e mais meu rosto... a falta de luz fazia meus olhos arderem o único lugar que fazia eles pararem de arder era dentro do meu capuz, será que eu tinha definitivamente virado autista? ou era o efeito da droga? acho que era efeito da droga.. eu conseguia ouvir o que se passava dentro dos fones de ouvido das pessoas que circulavam pelo terreno, Deus eu ouvia Psy a metros de distância de dentro dos fones de ouvidos daqueles, quase pedi por favor, mande essa droga parar de fazer efeito ou faça eles trocarem de som, eu tenho um Raul legítimo na minha mochila, é de primeira e não precisa colocar embaixo da língua..
Bebi mais, o homem parou de falar, cores forte, crises autistas, dores, sorrisos quase contidos que vinham de lugar nenhum.
Percebi que a pequena casa em frente ao bar tinha um movimento intenso e uma música diferente, com medo dos efeitos daquilo que eu colquei na boca resolvi me esconder dentro do meu capuz, ali era seguro, fiquei quieto, louco autista escutando o coração bater e as gargalhadas alheias.
O sol resolver sair, lentamente, vermelho, combinando com o vermelho da terra, as dores nos olhos paravam pude tirar um pouco o capuz, paguei minha conta, cobraram o preço certo eu paguei a mais, não conseguia mais contar o dinheiro, falar a andar direito, pedi mais duas carteiras de cigarro.. sabia que não iam durar muito.
Fui até o lado da casa pequena onde havia um tanque com um cano de jorrava água limpa de algum lugar, limpei meu rosto, todos saíram da casa, inclusive várias mulheres com cara de menina.
Sentaram na beira do tanque quase nuas e começaram a se lavar, fiquei sem reação, passei uma noite tendo alucinações, filosofando e com medo da casinha.. e ela ali estava o segredo da casinha, o segredo das quatro paredes.
As mulheres foram simpáticas, sentei no chão, acendi um cigarro e fiquei vendo as galinhas bicarem o chão enquanto saíam mais e mais meninas, eram todas agradáveis, mas uma de olhos claros, magra, que por efeito do álcool, do cigarro, do desejo, da insanidade ou do papel embaixo da língua me chamou pelo nome.
"Nunca esperava encontrar você aqui Mitras", eu sorri quis entrar, mas uma senhora não deixou, “
não alunos não podem entrar na escola de dia, só de noite, “de dia só a alunos”, que porra é essa? Alunos no caminho do desconhecido? Merda eu devo ter dado o golpe nesse caminho e gazeado essas aulas.
Definitivamente a minha madrugada foi estranha, mas eu sobrevivera.
Resolvi que o caminho do desconhecido estava de palhaçada pro meu lado, vou seguir viagem, está um dia bom para andar, mas a Sra. Que não deixou eu entrar na “acolhedora casa” estranhamente me disse no ouvido sorrindo,
"volte amanhã", tenho uma menina de olhos claro que gostou de você, eu olhei rápido para a casa, ela sumiu, “volte amanha, na madrugada rapaz.”.
A única coisa que saiu da minha boca foi "ela sabe conversar?"
Sim sabe, com um sorriso malicioso e uma gigante ironia. Ok eu volto.
Não acredito Mitras, ela sabe conversar?
Que pergunta, cheio de cerveja na cabeça no meio do desconhecido, o que foi isso?
Decôro?
Bem, peguei a estrada, coloquei meu fone de ouvido e segui em frente.. bem... se ela souber conversar quem sabe diga quem é.. se eu achar o caminho de volta é claro.

Esse texto é do blog antigo, como o weblogger fez o favor de sair do ar, sumir, sei lá o que aconteceu e enfiou todos os meus textos em um buraco negro cibernético e eu já me conformei com isso, achei este texto aqui no meu pc, com os pés gelados fiquei faceiro e resolvi que devia respostá-lo, aí está.

22/06/2009

mercearia....

Lá vinha ela, a bolsa embaixo do braço, em silêncio, dizia que estava se preparando para a missa e que precisava ficar em silêncio.
O silêncio dos puros, lá onde o pecado não toca e o inferno não bota medo - dizia ela. Me refiro a dona armazém, Pâmela. Aquele era o único armazém da cidade, entrava muito dinheiro lá, mas ela era sovina, dizia que dali, dinheiro a mais, só para o dízimo.
Corria na boca pequena da cidade que se alguém quisesse saber alguma coisa da cidade ou de algum cidadão era simples, pergunta a dona do armazém, ela sabia tudo de todos.
Solteirona, morena, alta, linda, no auge dos seus 35 anos ainda estava enxuta. Pernas e coxas que deixavam qualquer um louco, recebia flores quase todos os dias, sorria, agradecia, mas não dava chance, seu negócio era Igreja, Bíblia Hóstia e prece, quem seria contra?
Sou pura e vivo só para Jesus e por Jesus – sempre repetia
Já contou de seus namorado, mas relatava também que eram muito abusados, como haveriam de ser diferentes?
Eu sou virgem, pura, intocada e só faço aquilo depois do casamento.
O termo “fazer aquilo” já me assustava, fazer aquilo? Fazer aquilo é sujo, fazer amorzinho, transar, trepar, cometer o pecado original, pelo amor de Deus qualquer outro termo é melhor que “fazer aquilo”, era realmente uma coroa recalcada, não tinha esperanças de brincar naquele corpo.
Causava a loucura nos homens da cidade dizem até que teve alguns que morreram por ela, se entregavam a bebida, e caíam na vida.
Ela por sua vez não se importava, queria ganhar o seu dinheiro e viver a sua vida para Jesus, já que não tinha arranjado ninguém que fizesse as suas vontades, e que fizesse as vontades de Deus.
Eu, como diz a boca pequena era o mais sortudo da cidade, trabalhava na venda dela, emprego que consegui por intermédio da minha irmã, as duas são grudadas, amigas quase irmãs.
E eu o dia inteiro vendo aquelas coxas andando pra lá e pra cá, tudo o que é bom, no caso, ótimo, em seu preço, ela era sovina, mesquinha, meu salário era ridículo, chegava a ser absurdo, descontava o almoço, o café da tarde, não me surpreende ela descontar a luz e a água que eu uso ao trabalhar.
Sorte a minha que eu não tinha filho pra criar, e não me preocupava com dinheiro, o prazer de acompanhar aquelas pernas era maior, doído e doido de prazer esse que vos relata, sem ao menos poder tocar, apenas o cheiro e a imagem, realmente, para mim, ela era intocável.
Apesar de eu trabalhar nos sábados, este era o dia que ela e minha irmã viajavam, diziam que iam em encontros religiosos, religiosamente, ao sábados e duravam no mínimo até segunda cedo, todos os tipos de caridade, preces, pastorais, retiros, encontros de toda sorte que a levariam parar o céu, ou qualquer lugar parecido.
Mas num belo dia de trabalho tive uma rusga com a patroa, que me despediu na hora, saí do meu emprego aos gritos de herege e incompetente, a mesma se descontrolou.
Peguei o dinheiro da saída e na semana no sábado a noite eu fui pra uma cidade vizinha, queria perder minha virgindade, mas não queria esperar meu casamento e pra não dar bandeira fui sozinho em uma zona que ficava distante em uma cidade vizinha, estava disposto a tudo, iria gastar meu último dinheiro em uma zona.
Chegando lá pedi a mais fogosa de todas, falaram que a mais fogosa de todas já viria, Rainha da Luxúria pelos relatos de outros clientes, rezava que a menina sabia da arte, os olhos masculinos do local diziam que ela era uma lenda do local, não saía do quarto, mas fazia os programas mais caros.
Foi essa que pedi, a Rainha da Luxúria, o cafetão fez uma cara feia, coçou o longo bigode amarelado de cigarro, passou a mão na cinta, uma garrucha cuidava da segurança daquele.
Perguntou de eu tinha certeza, se eu tinha cacife, respondi que sim retirei o dinheiro da passagem de volta, e joguei todo o resto em cima da mesa.
Não mentiram, a mais fogosa de todas entrou e acendeu a luz
E lá estava lá, cinta liga vermelha, calcinha minúscula vermelha, sem sutiã, enormes coxas, de pé em cima da cama, uma visão nunca vista por este narrador neófito e para a minha surpresa, a última que eu esperaria, aquele corpo escultural de deixar qualquer um louco, era a minha ex-patroa.
Deu dois passos no quarto disse alguma coisa entre um gemido e vem comigo ante de me reconhecer, jogou-se embaixo dos lençóis, escondeu-se, gritou, ajoelhou, pediu e humilhou-se, ninguém poderia saber do acontecido, ninguém lugar nenhum.
Na segunda logo cedo fiz minhas malas, não falei nada para a minha família, procurei uma pensão para morar, incrivelmente virei administrador do estabelecimento da coroa religiosa da mercearia e sou “noivo” da mesma.
Agora toda Sexta Feira, religiosamente, vou à encontros religiosos.



Texto de 1999, mas refeito em 2009, sim, elel ficou dez anos na gaveta esperando o melhor momento pra sair, pra quem acha que eu sou meio louco, isso aqui é ficção.
abraços.

15/05/2009

[não]

[não] nasceu quando não devia,
[não] cresceu quando não devia,
[não] pensou quando não devia,
[não] sentiu quando não devia,
[não] entrou na noite da vida,
cabeça baixa olhos longos,
passos largos a calçada nem é mais a mesma,
[não] entrou onde não podia,
[não] sorriu fingindo alegria,
[não] viveu por quem não merecia,
[não] morreu quando não devia,
calma, só mais uma cerveja,
[não] bebeu porque queria,
[não] fumou a calmaria

ao som de pink floyd

só pra fazer graça antes de dormir

13/05/2009

Germânia Rock City

Na cidade onde a penumbra cobre as mentes aguçadas e aquecidas pelo alcool a promessa de mais um noite fervilhava no coleitvo.
Todos os tipos foram avistados, desde os descolados que fluem entre os normais, com camisetas a "la andy warhol" até os tipos mais comuns com camisetas dos Ramones...
A massa parecia fluir apenas para um lado como uma batalha eterna, de acender o cigarro manter a cerveja longe do chão e acompanhar o som... isso é rock´n roll, fumar beber agitar, perder pose é permitido, rockeiros são humanos.
As janelas suavam, as paredes suavam, a guitarra gritava, tudo estava perfeitamente em seu lugar, a banda o público os bebados por toda parte, o caos inrustido num copo de vodka..
Mesmo fora da minha cidade natal, mesmo não sendo todos rostos conhecidos desde a infância, me senti definitivamente incluído, e não mais um mero espectador da festa alheia.
Notava-se,que definitivamente eu estava em Germânia Rock City, lá onde o rock flui com prazer, onde os desiguais se igualaram e os bebados comandavam.
Saí com um sentimento de satisfação, após ter ouvidos os clássicos, os clichês e tudo mais que nutri a minha libido alcoolica. cheio de niticona na mente e um sorriso no rosto.. de uma batalha onde só os verdadeiramente nascidos pra isso sobrevivem.
Escrito ao som de Tequila Baby

03/05/2009

Praças Noturnas

anda e fuma..
com roupas sorri no frio..
senta nos bancos das praças da infância
olha pro nada ... reflete a simpatia do silêncio...
agarra a noite como se fosse o primeiro dia
foje do dia como se fosse a primeira noite..
cigarro no canto da boca
frio entre as pernas
poesia entre os dedos
no frio,
fuma e anda
pensa enquanto fuma, sozinha enquanto fuma... some enquanto fuma.

17/04/2009

Matei Minha Amada

Matei minha amada
quando disse que te queria
Matei minha amada
quando te beijei loucamente

Matei minha amada
Matei friamente,
sem ao menos perceber...
matei minha amada

Foi em uma sexta-feira fria..
enquanto eu jurava amor
minha amada morria
e friamente, eu ainda sentia alegria

Hoje, sentado aqui no sossego da vida
só hoje percebo que matei minha amada
Minha amada liberdade....

Aleister

Texto de 24/12/1999
:)

Rá, achei o texto num dos meus cadernos de anotação, 10 anos depois eu me divirto lendo isso, texto do tempo que ainda assinava como Aleister.

16/04/2009

04/04/2009

Antiquário

Antiquário de lembranças, a rua de pedras azuis escuras, eu já tinha andado por ali.
A fachada da casa era de madeira, azul calcinha, tinha uma varanda. com duas portas, uma pra sala , outra para a cozinha, um cercadinho com uma cerquinha dava o charme da varanda, casas que você só vê no interior, o cheiro de infância nos levava ao inteiror da casinha de madeira, reconheci desenhos na parede, desenho de 24 anos atrás.
A casinha era na verdade um antiquário de lembranças e sentimentos, a madeira do assoalho sempre brilhando.
Eu andava e via aqueles carros correndo dentro da sala, as bicicletas, os jogadores de futebol, camiseta vermelha, calção branco, jogavam da cozinha pra sala, gritavam, corriam...
Havia algum tempo que eu não via jogadores de futebol disputando espaço com carros de corrida dentro da sala, mas o cheiro de infância não deixou que eu estranhasse a cena, andei pela casa como um espectador, sentei na janelinha da cozinha, minúscula, eu já conhecia a vista, sentei e olhei todo aquele terreno, o poço, o galinheiro, o pé de caqui, de pêssego, a cerca de madeira, tudo estava lá, tão de pé quanto deveria estar.
Desci o alçapão até o porão, a escada de madeira ainda rangia, o piso de cimento com corante vermelho, o tanque de lavar roupa, as cordas do varal, a sombra na soleira da porta, tudo era igual.
Subi novamente fui até o sótão, lá alguns conhecidos me esperavam para saber o que fariam com o falecido.
Falecido?
É falecido, cremamos, enterramos? Qualquer coisa que fizermos ninguém pode descobrir que ele morreu, nem os jogadores de futebol, nem os carros na sala, muito menos os índios do quarto, senão some o cercado, a sombra na soleira, e tudo que lhe acalma.
Entre o assoalho do sótão e o forro da sala, logo embaixo, tinha espaço para um caixão, lá ficou o falecido, estranho como foi fácil, como não doeu, sem prece, sem vela, sem abraços, o medo era perder o antiquário, os desenhos na parede... quem diria que ele iria morrer

27/03/2009

........

Ela quis Um amor Um sossego Um arrego Uma vida
Ela teve Uma dor Um desespero Um aperto e Vontade de morrer
Qurebrou-se o trato com o coração
"você cuida de você e eu cuido de mim"
Cada um por si baby
Você bate aí, eu rodo aqui
você meio quebrado aí, eu meio quebrada aqui
Foda-se, eu bebo te esqueço você esquece de mim
Foda-se, você quebrou faz tanto tempo
Não sei em que altura, você quebrou
mas virei puta
continue quebrado

23/03/2009

Não ter você

Não ter você
É como correr
Sem ter nada pra alcançar
É como ter pernas
E não saber andar
É pobre amor
Amor que não sabe amar
É nobre dor
Ter voz e não falar
São olhos para não enxergar
Coração que não bate
Guerra sem combate
Não ter você
A cabeça pára
O coração dispara
E nada mais faz sentido
Se faz algum
Não entendo
Não me contento
Nada mais que palavras ao relento
Sussurros aos vento a
Momentos de tormento
Não ter você
É como ser enterrado e não morrer
Agonia fria e escura
Solidão noite e dia
Trsite sincronia de palavras
Inúteis versos .. talvez
Não ter é como não saber
Como é viver


O texto já tem 11 anos, mas eu gosto, gosto do jeito que escrevia, apesar de o teor ser meio clichê pros meus 17 ou 16 anos era o máximo.

19/03/2009

01:44 am

Sub título: Perdendo o sono, procurando paz.

Nota mental : escrito ao som de Portishead que é pra acalmar a galera aqui dentro.

Comi um misto quente e li as cartas na rua
Mas o delírio cotidiano não me traz a paz do sono
então resolvo procurar em frases prontas,
surtos muito bem calculados.
só nicotina e música pra acompanhar
minha máquina de escrever não existe
transito em ruas que eu não conheço bem
tenho medo de perder o que eu não consegui conquistar
e reclamo do que conquistei.
surtos muito bem calculados,
levo a semana com a barriga
chuto tudo pro mês que vem assim termino o ano bem,
sorrindo
você me conhece,
mentira
você nem me conhece
muito menos eu.
mesmo assim eu tento achar o bar que me dê as respostas
que não estão nos livros, manuais,
invenções castrativas.
subjulgo-me e digo que é preguiça ou sossego
mentira
eu nem sei até onde posso ir
sei onde estou e não lembro de onde comecei
sei que vou até lá onde tantos já foram e não tiveram vontade de voltar
o que me falta então é ir
os meios estão aqui, o caminho está aqui, falta andar e não ser um anti herói, simbolo do "movimento looser de um homem só" com medo de ganhar sem jogar

16/03/2009

Torta linha reta

Torto foi o caminho até linha reta
em calçadas, bitucas, bebidas, sorrisos, corridas
amanheceu a anoiteceu tantas vezes nos meus olhos
quando os sentidos se cansavam a cama ainda estava longe
e curto era o caminho da inconsciência
tudo pra provar o improvável
talvez a repetição do caos,
o tédio da aventura,
ninguém sabe explicar
a gordura na cintura o cartão no bolso o microondas a gasolina o plano médico
a calçada longe do rosto a cama quente
o esquema é vil e daí?
no fundo nós queríamos entrar nele
o caminho torto não é eterno
isso não significa que você sabe para que lado vai
é só não parar

11/03/2009

Você

Chorar nem sempre é estar triste
Sorrir pode não ser alegria
Silêncio pode não ser paz
O certo as vezes te leva ao erro
O erro pode ser o maior acerto da sua vida
A duvida pode ser sua maior certeza ...
nada mais é que a multiplicidade de caminhos
se a vida é feita de escolha eu prefiro faze-las por impulso
porque teu cheiro me chama e teu sorriso me afaga
é aquela inexplicável linha tortuosa entre A e B que me trouxe aqui
se você é meu maior erro impulsivo
acertei na mosca
ótima escolha.

06/03/2009

Pequeno Versinho Alcóolatra

Do lúpulo vem a cerveja
do arroz vem o saquê
do brilho dos seus olhos
o amor que sinto por você

Texto de 1996.

23/02/2009

Um ode aos irmãos do dia da noite e da madrugada.

Sub: POPIDI.

Chegou em casa, procurou a cama, a cama no box, procurou o box, o box no ralo, o cheiro do ralo.
A caixa preta estava no carro, no bar, na rua, em algum lugar desconhecido, vieram apenas as lembranças das conversas...
Old school,meninos de preto que mandavam na rua, embalados a vinho de quinta categoria, nicotina e ilicitudes alucenógenas, ninguém era mais imortal...
às seis haviam um dois corpos na calçada... toda sexta... as baixas eram constantes....
Ele tinha esquecido como era bom ver a noite passar rápido como um raio e lenta o bastante para conseguir ver os rostos amigos...
recentes e antigos.
Agora os corpos não ficam mais no chão... eles aprenderam que a batalha é feita de pequenas lutas.. perderam o ímpedo de ganhar a guerra em uma noite.
Mas a mente anda bem mais aguçada, a bebida bem mais refinada.
Há dez anos eles ainda fazem o que faziam.
Poucos sobreviveram à guerra, alguns desertaram, outros lutam em outras praças... mas só os unidos estão vivos pra ter orgulho da rua fechada pelos meninos de preto, que mal sabiam de traçavam uma caminhada que ficaria na sua história particular.

15/02/2009

Insonia nem sempre te tira do sono

Emocionou a razão
Racionalizou a emoção
Enquanto a criança corria
O adulto ouvia o assovio, a calçada que dizia quem vai ao longe vai longe demais
mas quem não vai, não tem o que olhar para trás
Era assim a noite, queimando como o cigarro cansado da poesia se apagando para o dia

11/02/2009

Vocês não tão ligados na subversão convexa.
Não sou eu quem vai dizer.
Muito menos Kafka
Adios Amigos

06/02/2009

REMINGTON 33

Ela não quer mais morrer, na medida do possível sempre desejou... uma morte com muito brilho, várias lágrimas, dos parentes não valem, talvez dos populares, pessoas bonitas inatingíveis, sempre alegres, mas não na sua morte, na sua morte eles iriam chorar e não se conformariam.

Seu ego não permitia que se conformassem, queria acompanhar os comentários maldosos ou não, os elogios à sua pessoa, a vida era muito plana, uma reta, nem Fernando Pessoa valia a pena, o tesão já a tinha a deixado há tempos atrás, quando guardou a última barbie, que não era nem a voadora, a dançarina, a patinadora, nem porra nenhum a de barbie especial, era só uma barbie.

Desde então a vida continua uma reta, sem altos, muitos baixos, mas como os baixos eram baixos contínuos, ela já tinha perdido a noção que quão baixos eram os seus baixos, acostumou-se a mediocridade, se morresse talvez seu enterro fosse aterrador aos conhecidos, recados de saudades lágrimas sofridas.

Nunca realizou seus sonhos, nenhum deles, e no fundo, nenhum deles existia, não havia sonhos a ser realizados andava, respirava. vivia por inércia.. quase um robô, ela na frente e o desejo de morte sempre atrás.

Não via mudança na vida, a não ser os anos, que lhe comiam a esperança de ter alguma esperança, maldita inércia que lhe empurrava pra frente sem saber que caminho seguir.

Sim, já que a morte era certa porque não trazê-la para perto? Assim passava horas na cama chorando a própria morte, não morreria de amor, nem por paixão ou mesmo por desespero, não seria um atropelamento, não uma batida de carro, uma doença grave, seria a vontade de não querer viver mediocremente.

Acordava às seis, às sete estava na rua, sete e quinze passava pelo mesmo antiquário com o mesmo velhinho na porta, terno preto, cabelo extremamente branco alisado com Bozzano, sapato preto brilhante, e sorriso simpático de um senhor que já viveu tudo, e que o mundo não lhe tirou o brilho do olhar, ela já nem sabia se possuía brilho, só olheiras sempre grudadas embaixo do seu olho.

Mais um pouco passava pelo mesmo bar com a mesma atendente que parecia ter dormido em uma panela de gordura, sua pele brilhava, seu olhar não, com um cigarro grudado no canto da boca, e sem ao menos um sorriso, apenas uma olhada de canto, se é que aquilo era olhar, ela já tinha morrido faz anos na verdade, só não notou.

Cruzava a mesma esquina, encontrava o mesmo segurança da empresa, sempre quieto com um jornal no rosto e um olhar estranho, mas sempre simpático e solícito.

Apresentava o mesmo crachá amarelado com a foto daquele momento que parecia que ia mudar sua vida, um emprego, ela pensara quando tirou aquela foto, finalmente um emprego decente, ledo engano.

Às oito sentava na sua mesa, as oito e meia morria para a vida, assim passava o dia, morta, consumida por notas fiscais, documentos, patrões, colegas beirando a loucura atrás da aposentadoria, de olhos arregalados com medo de ser substituídos, com medo da morte, da falta de dinheiro, da gravata tora.

Na sexta passou pelo antiquário e viu que o velhinho da porta já não estava mais, a falta daquela figura diária lhe bateu a curiosidade do que teria acontecido, mas o tempo não a deixava entrar, passou o dia não morta na empresa, mas semi-inconsciente, pensativa com a falta do velhinho, ele quebrou a inércia dos dias.

No sábado logo cedo saiu de casa, passou por uma banca e viu um cara estranho com uma camiseta que dizia “Dê uma máquina de escrever a uma pessoa e ela se tornará um escritor.” Old Buk, seria bom ser escritora, pensou, morrer e ser imortalizada, chegou no antiquário e ao invés do velhinho viu um jovem de olhos escuros, cabelos lisos, cabelo despenteado, calça apertadas, cinto com mais metal do que couro, all star com inscrições feitas à mão, cigarro no canto da boca, escutando um som amigável que dizia “miss lexotan 6mg” achou curiosa a letra, e achou mais bizarro ainda perguntar do velho atendente, a única pessoa simpática e a primeira que lhe dizia oi todos os dias, resolveu então dar uma olhada nos produtos para disfarçar.

Durante a sua andada pela loja, viu uma máquina de escrever, muito simpática, lembrou-se da frase do Old Buk, e sorriu, uma máquina Azul calcinha, ainda com a sua capa, sem um risco, e vendo seu sorriso o jovem atendente veio cumprir seu dever.

Perguntou se lhe interessava a máquina, ela consumida pela imedida vergonha não soube o que dizer, não havia, desde a pré adolescência conversado com muita gente que não fosse os colegas de trabalho, que tagarelavam sobre futebol, sexo, cerveja, esposas insanas, filhos e mais filhos a reclamavam da vida, ela se afastava para não misturar suas neuroses com as alheias.

Ela tremeu, suou, e finalmente disse que queria a máquina, mesmo não sabendo o que queria, o atendente ficou entusiasmado com o interesse dela pela máquina, tirou a capa mostrou o funcionamento e tudo o que a máquina poderia fazer, ela arrancou da mão deles a peça deu o dinheiro e correu porta a fora.

Até o apartamento eram poucas quadras, colocou a máquina em cima da mesa, tirou a caspa e ficou fitando a sua nova aquisição sem sentido, andou em volta da máquina sem saber o que fazer, a noite já havia comprado cerveja, mas nada justificava a compra. Deitou e lembrou do seu desejo de morte, agora morte por vergonha, R$ 140,00 putos reais em uma máquina que não tinha nenhuma utilidade, a frase do Old Buk continuava martelando em sua mente, mas ficava cada vez mais distante. Terminou a caixa de cerveja, ficou puta com a vida reta continua e cheia de baixos, uma vergonha que lhe tomava o controle da situação e começou a bater na máquina, ao som de Placebo as teclas sofriam as dores que haviam corrido pelo corpo e a mente, o desejo de morte nunca foi tão intenso, mas sentia-se cada vez menos morta. Deitou as 4:47 da manhã, embriagada, a máquina já silenciada no canto da mesa trazia consigo o primeiro suspiro de vida de uma escritora.

Segunda passou no antiquário, pegar o troco da máquina de escrever, deu um beijo na boca do atendente, lhe deu as costas e foi pedir a conta ali nascia uma nova pessoa.Andava firme pelas ruas, mudou o trajeto até a empresa, pois sabia que sua metralhadora lhe esperaria em casa e nada lhe atingiria... nunca mais.. nem a morte.

 

Escrito ao Som de Jupter Maçã, Placebo e L7, com alguns pitacos gramáticos da Ligi que foram muito bem aproveitados.

04/02/2009

Otimismo

 

Eu sempre espero o pior, a dor, o nervosismo, a falta de explicação, os gritos na noite são o que há de melhor…
Sempre o pior.
A corrida, a mentira, o golpe, o drama, as horas acordado
crescendo e aprendendo a não confiar
crescendo e aprendendo a rezar pelo melhor entre o pior
crescendo e aprendendo a não crescer
Assim continuo sempre, otimista

03/02/2009

Nada

 

Hoje especialmente hoje por algum motivo nada especial.

não tenho nada pra escrever…. nada para escrever,

só a chuva deixando vestígios…

mas como não tenho nada pra escrever não vou tomar seu tempo.

29/01/2009

Caciques do Nada

A dor da menina era evidente, a levei para dar explicações ao cacique do nada, ela deu os ombros e colocou uma pedra no assunto com uma gargalhada, sabia que seu fim já havia sido traçado e já havia ocorrido, já passou pelo inferno, transou com o diabo, dar explicações era o de menos, nada se explicava, tudo se executava, não haviam nomes, datas, culpados, nem um porque.
Na volta o cansaço dos fatos me corrompia a visão,quanto mais eu acendia as luzes do carro o caminho ficava mais turvo, só escutava sua voz pedindo cigarro, passou pelo inferno mas não tava morta nem muda, eu estava devagar tentando achar a esquina que devia entrar, e ela pedia cigarro, minha mente pedia cigarro, a noite pedia um cigarro, a minha visão pedia arrego, já era hora de parar há algumas horas atrás.
No pára-brisa eu só via vultos, via a minha própria imagem uma ao lado da outra, infinitamente cansada, um caleidoscópio que não deixava eu ver a pista, me via sem camiseta, me descobri magro com um olhar de desespero, já não era mais cansaço, era insanidade, o que eu fazia aquelas horas levando e trazendo corpos que jaziam vivos entre quatro paredes para caciques do nada? Homens semi-deuses que *empapelavam emoções e cobravam seu preço, enfim, eu estava lá.
Já na terceira, quadra ou quinta perdida apareceu o pobre homem, no chão e uma bicicleta velha, deitado com o braço para cima, não seria preocupação uma se eu não tivesse visto a cena pelo retrovisor, voltei para ver o que eu tinha feito , o pobre diabo estava de pé se apoiando na bicicleta, disse que eu bati apenas no guidão e que não tinha problema, que a culpa era dele, e deveria ser mesmo, um bêbado pedindo carona pra alguém que dirigi vendo coisas, se estivesse sóbrio saberia que eu não era a melhor opção de carona, não às quatro da manhã.
Voltei pro volante, minha imagem não sumia do pára–brisa, eu já estava conformado em seguir caminho me olhando, a esquina certa não aparecia, ou já havia passado, eu perderia mais algum tempo pra achar um retorno, ou atropelar outro bêbado, mas nem tudo foi perdido, eu ainda tinha um cigarro na carteira, e graças a minha indiferença a indesejada passageira já tinha desistido de arrancar ele de mim.
Enquanto isso os caciques mandam e desmandam, no fundo você sabe que isso é bom, só odeia regras.

* empapelar nesse caso, se é que ele existe é colocar no papel.

Escrito às 4:17 da manhã, sabe-se lá porque divirtam-se.

27/01/2009

21/01/2009

La Pepper

La Pepper

La Pepper não era nobre, não tinha uma beleza fora do comum, ela era comum, estava na casa dos quinze anos, na flor da idade, sempre companheira, amiga de todas as horas, mesmo quando meu humor patológico fizesse ela se sentir um nada ela estava lá, sempre.
Pobre La Pepper, tinha dois olhos grandes e negros, os leigos diziam que eram duas bolas de gude, eu sabia que dois universo, duas vidas, La Pepper tinha tudo o que precisava dentro de si, a gente sabia, apesar de cara de pouca importância nós sabíamos que ela não era pouco, os dela não viviam quinze anos.
La Pepper era conhecida, todos passavam cumprimentavam ela já estava habituada aos habitantes da pequena cidade também, tinha um incrível poder de saber quem prestava, ou não, apesar de não ser dos nossos, minha companheira La Pepper era respeitada, prova maior da sua sabedoria talvez, nunca disse nada dos habitantes, e ninguém nunca, apesar de ser uma cidade pequena, teve porque falar algo de La Pepper, e isso era raro, todos tem um pecado a ser levantado, La Pepper tinha apenas seu olhar de duas vidas.
Beirando os 16 anos um mal da vida derrubou La Pepper, lhe tirou as forças, ela enrrugou no começo, nunca mal dizendo Deus apesar da pouca idade, nunca maldisse a providência divina, se é que ela existia, mas ela sabia que algo lhe tirava as forças, depois de enrrugada La Pepeer começou a diminuir, eu sabia que aquilo não era normal, todos que vissem saberiam, ela diminuiu muito em muito pouco tempo, cada vez normal, até que podíamos carregar La Pepper na palma da mão, desistimos das macas e dos homens de branco La Pepper se aborrecia, nós víamos no seu olhar apesar de nunca ter reclamado.
Assim, La Pepper caiu nas mãos da morte, de olhos abertos, aqueles dois olhos negros e grandes, ela tinha diminuído tanto que cabia dentro de uma ampola de seringa, quase do tamanho de um grilo, lembrei pela ultima vez dos seus olhos , dois universos, duas vidas, coloquei-a dentro misturei com jagüermaister e num momento pouco elogiável injetei em outro corpo que caiu no chão e debateu-se, desisti da idéia insana dei as costas e conformei com a força das mãos da morte.
Mas o corpo voltou e me olhou, e eu conhecia aquele olho, era o olho negro, era o universo de La Pepper, mas apenas o olho direito era negro, o esquerdo era o olho do velho corpo, eu sabia que La Peper não era só mais uma companheira amiga comum, ela tinha realmente duas vidas nos seus olhos negro, havia sobrado uma ainda... só mais uma chance de enganar a morte... talvez desta vez ela quisesse um gole de jagüermaister que lhe devolveu a vida, afinal de contas, sua alma só voltou com ajuda do destilado, que não poderia faltar, é claro.

07/01/2009

Na Verdade

Eu não sei escrever, não que alguém tenha dito o contrário, sei ler Bukowski, isso basta.
O bastante na maior parte não basta para algumas mentes pouco pertubadas.
Mentes pertubadas não precisam de muito, oxigênio basta, exceto quando não é o bastante....